
CURIOSIDADES
TICO-TICO
- Em 1937, Anselmo Duarte Bento, com 17 anos, vai para a cidade de São Paulo e trabalha na editora de músicas Irmãos Vitale. Nesta empresa encontra, em uma ocasião, com o consagrado compositor Zequinha de Abreu. 14 anos depois, em 1951, o ator interpreta o músico no filme “Tico-Tico no Fubá”, título da música mais famosa de Abreu.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tico-tico_no_Fub%C3%A1
ORSON WELLES
- Em 1942 o diretor do filme “Cidadão Kane”, Orson Welles, vem ao Brasil fazer o filme “It´s All True”. Anselmo era dançarino do cassino da Urca, e durante as filmagens, no Rio de Janeiro o diretor americano se apaixona por sua companheira do show, Lolita. Anselmo foi ameaçado e sequestrado por seguranças de Welles que avisam que ele não podia interferir nas vontades do diretor.
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
NOME ARTÍSTICO
- Seu amigo Jorge Pires Ferreira e depois, ator também, vai com Anselmo fazer figuração no filme “Inconfidência Mineira” da diretora Carmem Santos em 1943. Anselmo sugeriu ao seu amigo o sobrenome artístico Doria, inspirado pelo crítico de cinema Gustavo Doria que conheciam e respeitavam. Anselmo retira o sobrenome do pai, Bento, e passa a assinar como Anselmo Duarte e seu amigo como Jorge Doria.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa359373/gustavo-doria
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
PRIMEIRO FILME COMO ATOR
- Em 1946, o italiano Alberto Pieralise estava em busca de um ator para seu primeiro filme no Brasil. Ao percorrer as ruas do Rio de Janeiro, encontrou Anselmo em um bar com amigos e o convidou para participar testes. A sorte estava ao seu lado, pois Anselmo dominava o idioma, aprendido na sua cidade natal, Salto - SP, repleta imigrantes italianos. Pieralise ficou impressionado com o teste e percebeu que havia encontrado a pessoa para o filme "Querida Suzana", que marcou a estreia atrizes Tonia Carrero, Nicete Bruno e Anselmo Duarte como protagonistas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Querida_Susana
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
PARTIDO COMUNISTA
- O roteirista Alinor Azevedo, membro do Partido Comunista e amigo de Anselmo, contribui para sua formação humanista coadunando com as causas sociais simpáticas ao ator que assina sua adesão ao Partido em 1946.
https://pcb.org.br/portal2/27850
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
CHANCHADA
- O diretor Watson Macedo, filmou em 1949, com um argumento do galã Anselmo Duarte, o primeiro e ideal conceito de chanchada. ”Carnaval no Fogo” contava com todos os ingredientes desse gênero popular: O mocinho e a mocinha em perigo. O cômico tenta ajudá-los mas se dá mal. O vilão os aterroriza. Mistério. Lutas. Final Feliz. Nesse filme, Oscarito e Grande Otelo protagonizaram a célebre cena do balcão, de Romeu e Julieta, e se consagram como os maiores comediantes do Brasil.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chanchada
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
MAIOR SALÁRIO DO CINEMA
- Anselmo é contratado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz -SP, em 1951, maior salário da época para um ator. Ele conhece vários profissionais “importados” pela empresa que moldaram sua carreira como diretor: O montador dos filmes de Hitchcock, o alemão Hafenrichter; o fotógrafo inglês Chick Fowle e o diretor americano Tom Payne.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Cinematogr%C3%A1fica_Vera_Cruz
ROTEIRO PESADO
- Ainda na Vera Cruz e protagonista do filme “Tico-Tico no Fubá”, é solicitado pelo diretor da empresa, Franco Zampari, para auxiliar na resolução do filme que excedia os prazos de produção. Anselmo pede ao diretor italiano Adolfo Celi o roteiro do filme que recebe, pousa em suas mãos, e diz:- “Pelo peso tem mais de 4 horas de filme”. Anselmo participa da condensação do roteiro, o filme saiu, foi bem sucedido no Brasil e concorreu para melhor filme no Festival de Cannes em 1952.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tico-tico_no_Fub%C3%A1_(filme)
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2ES
O DIA QUE ANSELMO QUASE FILMOU COM ARIANO SUASSUNA
- Em 1960, após assistir no Rio à peça “O Auto da Compadecida”, Anselmo Duarte viu ali a chance de seu próximo filme. Animado, viajou até a Paraíba com o ator Agildo Ribeiro para negociar os direitos diretamente com o autor, Ariano Suassuna.
Ariano, nacionalista convicto e desconfiado do cinema — que considerava “coisa de americano” — recusou a proposta, apesar das insistências de Anselmo e Agildo. A conversa se estendeu durante a viagem até Recife, com debates acalorados.
No caminho, ao passarem por um monumento a João Pessoa, Anselmo cantarolou um hino em homenagem ao político. Irritado, Ariano pediu para parar o carro, foi até o monumento e cuspiu, explicando depois sua antiga rivalidade familiar com os Pessoa. Agildo cochichou para Anselmo: “Agora fudeu, você estragou tudo…”.
Mesmo assim, perto de Recife, Anselmo fez sua última tentativa: “E então, Ariano, vende ou não vende os direitos?”. Diante da nova negativa, reagiu com humor — e começou a cantar novamente o hino de João Pessoa, arrancando gargalhadas e consolidando um encontro que ficou para sempre na memória de todos os presentes.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agildo_Ribeiro
"O PAGADOR DE PROMESSAS, INÍCIO"
- A idéia do filme “O Pagador de Promessas começou numa noite quente do verão de 1961 no Rio de Janeiro, quando Anselmo Duarte foi ao TBC assistir à peça de Dias Gomes, com o diretor da mesma, Flávio Rangel. Leonardo Vilar e Natália Timberg nos papéis principais.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fl%C3%A1vio_Rangel
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra67264/o-pagador-de-promessas
DIAS GOMES E OS DIREITOS DA PEÇA TEATRAL
- Para obter os direitos de filmagem, Anselmo Duarte teve de vencer a resistência do teatrólogo Dias Gomes, que relutava em ceder seu texto ao diretor de apenas um filme, “Absolutamente Certo!”, êxito popular de bilheteria.
Os direitos foram comprados, na época, pelo preço mais alto, até então, pago por uma adaptação de um texto de dramaturgia para o cinema brasileiro.
https://youtu.be/Y_WCBQQf_Cs?si=YRBwvmehaoNUo2EShttps://vimeo.com/271198382?share=copy
A MUSA ODETE LARA
- A atriz e amiga Odete Lara que participou de alguns filmes com Anselmo, foi convidada para fazer a personagem protagonista com Leonardo Vilar no filme "O Pagador de Promessas"". A atriz recusou por motivos contratuais e Anselmo brincou com ela: - “Olha que este filme vai para Cannes e pode ser vencedor...”
Foi substituída pela atriz Glória Meneses que faria sua estreia no cinema.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Odete_Lara
https://vimeo.com/271198382?share=copy
FALTOU GRANA
- A produção do filme “O Pagador de Promessas” em Salvador BA é interrompida por falta de verbas. Anselmo vende um filme de promoção da cidade para a Secretaria de Turismo da Bahia e realiza com o ator Antonio Pitanga o curta-metragem “Um Homem Só”, revelando as belezas naturais de Salvador, que ajuda a pagar a hospedagem e alimentação da equipe. As filmagens recomeçam.
CONTRABANDO PARA PORTUGAL
- O Pagador foi feito em duas versões, uma delas especial para Portugal, porque havia um pouco de dinheiro português na produção. Anselmo conta:-
“Havia um ator português no papel do Bonitão, o Americo Coimbra, que o Geraldo Del Rey fez de maneira tão maravilhosa. O português era um cara de quem fiquei amigo no período em que filmei "As Pupilas do Senhor Reitor" em Portugal. Coloquei o Américo no Pagador porque ele entrou com 50 latas de negativos, em troca dos direitos de distribuição em Portugal. Mas o Américo não dava. Era ruim de doer. Um tipo duro, sem ginga nenhuma.
Fiz uns dez takes com ele e pressenti o desastre. Abri-me com o Américo. "Disse que o filme era muito importante para mim e não ia arriscar". A versão que foi a Cannes foi a com o Geraldo. Os portugueses nunca viram "O Pagador de Promessas" do jeito que venceu em Cannes. Como tínhamos pouco dinheiro, o filme teve de ser feito a toque de caixa.
CANBOMBLÉ FORTE
Nas ruas e ladeiras de Salvador, durante as filmagens de O Pagador de Promessas, o cineasta Anselmo Duarte foi tocado pela força do candomblé. Os tambores, os cânticos e os rituais vibravam como parte viva da cidade, ecoando na história de fé e promessa que ele levava para as telas. Esse encontro intenso com a religiosidade afro-brasileira não só conferiu verdade às imagens do filme, mas também abriu ao diretor uma visão mais profunda do Brasil — um país múltiplo, espiritual. A Mãe de Santo que ele conheceu e jogou buzios pra ele, previu sua viagem e sua luta no exterior e disse que Iansã estaria presente na sua aventura além-mar. No dia da exibição do filme "O Pagador de Promessas" uma tempestade com raios em Cannes... ele lembrou da mãe de santo e sozinho no quarto do hotel bradou: "Eparrei Iansã!"
E O PÓ BATEU
Durante o Festival de Cannes de 1962, Anselmo Duarte viveu um episódio curioso. Antes da exibição de "O Pagador de Promessas", um representante da Cinecittà italiana o provocou, dizendo que ele não teria chance diante de nomes como Fellini, Antonioni, Visconti e De Sica.
Anselmo então recordou-se do conselho de uma mãe de santo baiana, que lhe dera um pozinho para afastar energias negativas. Com humor e convicção, lançou o pó nas costas do crítico italiano e respondeu: “Segue em frente, Eparrei Yansã!”
Esse momento irreverente simboliza a confiança e a força espiritual que marcaram sua trajetória em Cannes.
CADÊ A BANDEIRA DO BRASIL?
- O filme “O Pagador de Promessas” é eleito o melhor filme do Festival de Cannes em 1962. O embaixador do Brasil na França, Carlos Alfredo Bernardes, informa que não tinha uma bandeira do Brasil para hastear na sede do festival nem verba para recepcionar a imprensa e convidados para a comemoração. Anselmo pede para uma amiga produzir a bandeira que foi finalmente erguida na sede do Festival e paga a festa no bar de um amigo francês que ele frequentava na cidade.
A TURMA DA FIORENTINA
- O filme “Pagador”, recebe muitas homenagens e troféus em festivais pelo mundo em 1962.
Na volta ao Brasil e ao convívio com seus amigos no restaurante Fiorentina no Rio, reduto dos intelectuais e artistas da época, Anselmo chega em uma noite e diz: -
“Pessoal tenho uma boa notícia para o cinema brasileiro!”
Alguns bradam:- “Qual, qual notícia?”
Anselmo: - “O filme “O Pagador de Promessas” ganhou um prêmio no Festival de cinema de Edimburgo na Escócia”
E ele ouve alguém falar: - “Poooo Anselmo, chega! Faz outro filme!”
Anselmo percebe que fazer sucesso no Brasil é complicado e os jornais divulgam a famosa frase dele: -
“Ganhar a Palma de Ouro em Cannes é fácil, difícil é agradar na Fiorentina”
https://glamurama.uol.com.br/as-memorias-do-leme-boemio-bairro-carioca-cheio-de-historia/
BOICOTE DO GOVERNO BRASILEIRO
- 1965. Com o dinheiro das vendas do filme "O Pagador de Promessas", Anselmo roteiriza, produz e dirige o filme "Vereda da Salvação", peça do dramaturgo Jorge Andrade. O argumento era sobre o drama do que hoje se chama dos "sem-terra". A ditadura militar, proíbe o filme “Vereda da Salvação” de sair do país, acusando o mesmo de não retratar uma realidade brasileira e de ser uma peça de cunho político comunista. O filme sai clandestinamente com o adido cultural alemão (Alfred Bauer) e empata com o filme da França, “Alphaville” (Godard), no Festival de Berlim como melhor filme. Em um segundo julgamento o único jurado brasileiro do festival (Ely Azeredo) vota a favor do filme francês, que vence o Festival, e o Brasil perde a oportunidade de revelar de forma exponencial a realidade social e o governo de exceção do país naquele momento.
ANSELMO X CINEMA NOVO
- Os jovens do "Cinema Novo" achavam que o filme “Pagador” era "acadêmico", camera no tripé, fixa, planos e contra-planos. E Anselmo rebatia as críticas dizendo que todos os filmes destes jovens eram feitos de imagens tremidas, com camera na mão.
Em 1966, o influente Jornal do Brasil promovia um festival de cinema amador com o slogan: “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. Anselmo fala em uma entrevista que o slogan deveria ser: -
“Uma ideia na cabeça, uma câmera na mão e uma merda na tela”. A briga aumentou.
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,adeus-tardio-a-anselmo-duarte,469239nselmo
PORRADA NOS ATORES
- O diretor Luis Sergio Person convida Anselmo para ser um dos protagonistas no filme “O Caso dos Irmãos Naves”, em 1967, roteiro do Person e Jean-Claude Bernadet sobre um caso verídico de dois irmãos acusados por um crime que não cometeram. Anselmo aceita prontamente fazer o papel do chefe de polícia que persegue com violência os acusados e os leva a confessar algo que não cometeram. Ele enxergava ali, uma oportunidade de revelar a opressão política e policial que seu personagem representava há muito no Brasil e leva a sério o personagem.
Raul Cortez que fazia um dos irmãos perseguidos reclama com o diretor Person que Anselmo está levando a sério demais seu papel de policial torturador e está tomando surras além da conta nas cenas de tortura.
COLUMBIA PICTURES
- Em 1969 a Columbia Pictures contrata Anselmo para fazer um filme épico sobre o nordeste e cangaceiros: “Quelé do Pajeú”, roteiro original de Lima Barreto. Primeiro filme brasileiro a ser filmado com câmeras de 70mm e distribuição internacional, o filme não vai bem nas bilheterias.
RIO GRANDE DO SUL
- 1971. Anselmo dirige outro filme épico, “Um Certo Capitão Rodrigo”, roteiro adaptado do romance “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo. Quatrocentos cavaleiros atuam nas cenas de batalha, e 1.100 trajes de época foram confeccionados.
RIO GRANDE DO SUL- 1971. Anselmo dirige outro filme épico, “Um Certo Capitão Rodrigo”, roteiro adaptado do romance “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo. Quatrocentos cavaleiros atuam nas cenas de batalha, e 1.100 trajes de época foram confeccionados.


